Há certas
coisas que eu mesma não reconheço em mim.
Me
considero uma pessoa da palavra, ou do pensamento por assim dizer. Isso não é
pra fazer sentido, mas vi isso como uma vantagem por muito tempo, talvez eu
soubesse o que fazer disso antes, mas não mais. Hoje não sei o que fazer com
tantos pensamentos, com tanta coisa por dizer. Já não é mais tão simples. O
caos aqui dentro é muito maior, mais do que eu imaginava ser possível.
Não consigo mais discernir alma, corpo, coração, mente e espírito. Não
gosto de me encarar, acho que não gostaria de me encontrar.
É
estranho, mas não sei se gosto de quem eu sou. Não digo de quem eu aparentei
ser até aqui, essa pessoa é legal, é forte, é corajosa, é otimista, é “pau pra
toda obra”, é talentosa, é inteligente, é linda, é conselheira, é a melhor
amiga e por aí vai. Mas, eu mesma, essa eu nunca encontrei, não sei o que ela
é, não sei quem ela é. Por isso o medo.
Ainda
não tenho certeza se essa pessoa que eu aparento ser é uma invenção minha ou se
inventaram pra mim. Sei que agradou por muito tempo, ou pelo menos tentou tudo
que pôde. Estou adiando esse encontro comigo mesma já tem um bom tempo.
Nas
poucas vezes que me vi de longe foi um sufoco. Muita coisa nebulosa, muita
coisa guardada, muito medo, muito vazio, muita carência, e é tudo muito escuro
por que não tem energia nenhuma, nem pra iluminar. Um horror. Até onde me
permiti me enxergar, não vi nada certo, não havia nada de bom. Desisti então. O
motivo é simples: E se for só isso? E se eu for só isso? Bom então aí seria
melhor nunca ter me conhecido, me encontrado de verdade.
Não é que
eu queira ser um engano, nem pra mim nem pra ninguém, mas, é tão cansativo...
Digo, o pouco que eu vi quando tentei me encontrar foi uma enorme bagunça. Se
eu chegasse a quem eu sou de fato, encontraria tudo destruído. Eu precisaria
tirar todos os escombros e começar a construir tudo outra vez da maneira certa,
e eu sei lá que maneira é essa... E só de pensar nisso fico exausta.
Pois bem.
Ainda não é o pior. Pior seria quando quem conhece quem eu aparento ser,
descobrisse a verdadeira tragédia que eu sou. Não sobraria um. Pois nem eu
quero ficar. Bom, na verdade isso é uma grande mentira. As pontes de amor que
chegam até mim são as mais firmes e verdadeiras que podem existir, essas
pessoas são o meu sustento. E isso eu não acho justo. Eu sei que eles estariam
lá quando eu me encontrasse. Juntariam cada pedacinho de mim se preciso fosse.
Mas como eu disse, não acho justo.
Não sei
como continuar sem ter que encontrar o caos que há em mim. Tenho medo de chegar
lá e não conseguir mais voltar.
Ou será
que eu já cheguei?
É... Isso
explicaria muita coisa.
K. 22-09-2014, 03:54
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