Eu
preciso admitir: estar com a razão é muito precioso pra mim. Sou muito julgada
por isso, mas o que eu posso dizer? Eu sempre sinto que estou certa e na grande
maioria das vezes eu estou realmente.
Sempre
questionei se isso seria algo próprio da minha personalidade, e na verdade,
quando observo as pessoas, o que eu vejo não é nada diferente do que acontece
comigo. Em geral, toda pessoa se acha certa, ou tem um sentimento de estar
absolutamente certa em suas atitudes. E é quando me torno expectadora disso que
consigo entender os motivos dos julgamentos que eu recebo. Quando estamos em
nossas posições defendendo estarmos completamente certos, o outro nem sempre
enxerga assim e observa os nossos erros. Nós mesmos quando olhamos pra trás,
podemos lembrar situações em que estávamos errados em vários comportamentos que
tivemos, mas, na época, tínhamos a plena certeza de estarmos certos e muitas
dessas certezas resultaram em discussões, rompimentos e mágoas desnecessárias.
Talvez
nossos comportamentos estejam mais ligados aos condicionamentos ancestrais do
que Carl Jung podia supor. Não só através dos padrões arquivados no
inconsciente coletivo, mas também da nossa ligação com as várias fases
anteriores da psique humana.
Na
época que chamamos de “Idade da Pedra”, não havia nenhum comprometimento com a
razão social e a luta pela sobrevivência do mais forte não deixava espaço pra nenhum
tipo de autorreflexão.
Se
Carl Jung estiver certo, essa sensação de liberdade absoluta que experimentamos
no sentimento de estarmos sempre certos, está enraizada na fase pré-humana que
foi conservada em nossa psique, no nosso inconsciente. Em outras palavras, uma
herança dos nossos queridos ancestrais.
Isso
explicaria. Esse condicionamento psíquico impede quase sempre que tenhamos uma
visão ajuizada, por assim dizer, sobre a possibilidade de estarmos errados em
certas atitudes, e até nos tornamos um pouco fechados frente às ideias que
estejam contra aquilo que estabelecemos como certo.
É
difícil encontrar quem coloque a prova suas próprias posições. Nos tornamos inflexíveis
por esse sentimento arcaico que é o medo da competição que partilhamos dos
nossos ancestrais, afinal, essa luta incessante é caracterizada pela
sobrevivência dos mais fortes, como disse antes. Ponderar ou ceder sugere
fraqueza e a possibilidade de fracassar, o que é imperdoável na natureza. Então
competimos, não cedemos.
Ser
inflexíveis nos dá a sensação de que somos mais fortes. Mesmo quando
reconhecemos que estamos errados, mantemos a posição de que estamos certos.
Defendemos nossos erros com desculpas traindo a razão. Esse sentimento de sobrevivência
do mais forte, às vezes tem mais influencia na nossa psique do que a razão e
por isso agimos mais instintivamente do que racionalmente.
Então,
nossa herança psíquica não se estabelece apenas com os condicionamentos
culturais, ou seja, herdados em sociedade, mas também através desses feelings psíquicos como este
condicionamento arcaico herdado dos nossos ancestrais.
E
ainda, se estes feelings psíquicos
forem contrariados, disparam outros condicionamentos arcaicos guardados em
nossa psique. Quando somos confrontados dizendo que estamos errados, ficamos
com raiva, com ódio e com a expressão de um animal feroz estampada no rosto.
Alguns até agem como bichos realmente, haha.
Sendo
assim, que culpa tenho eu de estar sempre certa? Se isso é um problema pra
você, é melhor se resolver com os meus ancestrais, haha.
K. 06-10-2014, 23:56.
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