segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Certeza?!




Eu preciso admitir: estar com a razão é muito precioso pra mim. Sou muito julgada por isso, mas o que eu posso dizer? Eu sempre sinto que estou certa e na grande maioria das vezes eu estou realmente.
Sempre questionei se isso seria algo próprio da minha personalidade, e na verdade, quando observo as pessoas, o que eu vejo não é nada diferente do que acontece comigo. Em geral, toda pessoa se acha certa, ou tem um sentimento de estar absolutamente certa em suas atitudes. E é quando me torno expectadora disso que consigo entender os motivos dos julgamentos que eu recebo. Quando estamos em nossas posições defendendo estarmos completamente certos, o outro nem sempre enxerga assim e observa os nossos erros. Nós mesmos quando olhamos pra trás, podemos lembrar situações em que estávamos errados em vários comportamentos que tivemos, mas, na época, tínhamos a plena certeza de estarmos certos e muitas dessas certezas resultaram em discussões, rompimentos e mágoas desnecessárias.
Talvez nossos comportamentos estejam mais ligados aos condicionamentos ancestrais do que Carl Jung podia supor. Não só através dos padrões arquivados no inconsciente coletivo, mas também da nossa ligação com as várias fases anteriores da psique humana.
Na época que chamamos de “Idade da Pedra”, não havia nenhum comprometimento com a razão social e a luta pela sobrevivência do mais forte não deixava espaço pra nenhum tipo de autorreflexão.
Se Carl Jung estiver certo, essa sensação de liberdade absoluta que experimentamos no sentimento de estarmos sempre certos, está enraizada na fase pré-humana que foi conservada em nossa psique, no nosso inconsciente. Em outras palavras, uma herança dos nossos queridos ancestrais.
Isso explicaria. Esse condicionamento psíquico impede quase sempre que tenhamos uma visão ajuizada, por assim dizer, sobre a possibilidade de estarmos errados em certas atitudes, e até nos tornamos um pouco fechados frente às ideias que estejam contra aquilo que estabelecemos como certo.
É difícil encontrar quem coloque a prova suas próprias posições. Nos tornamos inflexíveis por esse sentimento arcaico que é o medo da competição que partilhamos dos nossos ancestrais, afinal, essa luta incessante é caracterizada pela sobrevivência dos mais fortes, como disse antes. Ponderar ou ceder sugere fraqueza e a possibilidade de fracassar, o que é imperdoável na natureza. Então competimos, não cedemos.
Ser inflexíveis nos dá a sensação de que somos mais fortes. Mesmo quando reconhecemos que estamos errados, mantemos a posição de que estamos certos. Defendemos nossos erros com desculpas traindo a razão. Esse sentimento de sobrevivência do mais forte, às vezes tem mais influencia na nossa psique do que a razão e por isso agimos mais instintivamente do que racionalmente.
Então, nossa herança psíquica não se estabelece apenas com os condicionamentos culturais, ou seja, herdados em sociedade, mas também através desses feelings psíquicos como este condicionamento arcaico herdado dos nossos ancestrais.
E ainda, se estes feelings psíquicos forem contrariados, disparam outros condicionamentos arcaicos guardados em nossa psique. Quando somos confrontados dizendo que estamos errados, ficamos com raiva, com ódio e com a expressão de um animal feroz estampada no rosto. Alguns até agem como bichos realmente, haha.


Sendo assim, que culpa tenho eu de estar sempre certa? Se isso é um problema pra você, é melhor se resolver com os meus ancestrais, haha.




K.  ‎06‎-10-2014, ‏‎23:56.

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